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Natal, de Ilusão também se vive



Confesso que antes eu me animava mais com o natal, adorava ver as luzes, ter muitas pessoas em casa e presentes que ganhava dos tios e tias. Mas como todo adulto, venho sofrendo um desencantamento do mundo, não necessariamente na perspectiva weberiana, mas o natal tornou-se uma repetição que perpassa os limites da tradição.


Passei por vários momentos nessa vida nem tão longa, mas admito que já ando sem paciência de ver as pessoas falando e desejando as mesmas coisas que estavam escritas nos calendários promocionais que eram distribuídos pelas lojas nessa época ano de décadas atrás. Infelizmente, ao crescermos percebemos que os desejos dessa época são vazios e nada sinceros, dizemos sem coração, e as palavras bonitas ficam tão artificiais quanto o aroma de rosas de plástico.


Esses dias, nos primeiros dias das férias, estava procurando algum filme para assistir, estava decidido a fugir do Netflix, fui até uma caixa escondida sobre o guarda-roupa cheias de VHS e DVDs. Peguei um dos meus DVDs ainda lacrados (acredite, eu comprava na esperança de algum momento assistir), se tratava de um filme antigo, de 1947 cujo título me chamou atenção: "De Ilusão também se vive", logo abaixo o título original: Miracle on 34th Street também me chamaram a atenção.


Com direção de George Seaton, o filme conta a história de um homem contratado por um loja para trabalhar vestido de papai Noel, e nesse enredo esse homem mistura a realidade e a fantasia, e somente uma garotinha acredita no bom velhinho, e a história acaba num tribunal. Confesso que sou um amante dos filmes antigos e do trato que havia com o roteiro e como eram precisos os atores num época sem grandes recursos visuais. Mas além de ser um filme comercial, um típico filme água com açúcar - mas admito que esse filme bobinho de 70 anos me fez refletir.


Precisamos deixar as palavras vazias, os desejos frios e os votos distantes, não precisa sorrir para todas as pessoas, isso não significa que tenha que buscar briga, mas nesse natal procure o silêncio. Deixe o celular de lado, cumprimente as pessoas, agradeça a comida e os bons papos. Observe as pessoas, observe como os cabelos dos seus próximos estão mais brancos, como há aquele que demonstre no olhar uma tristeza apesar das gargalhadas gratuitas, veja como as mulheres ficaram bonitas... Aproveite seu silêncio, se questione sobre amar de verdade, e quando houver a sinceridade sorria para as pessoas. Quando estiver sozinho reflita sobre a duração da vida, da sua e das pessoas próximas a você, pratique o silêncio! Quem sabe no próximo ano você tenha sinceras palavras para dizer, não as prontas. Pode ser que tenha que inventa-las, mas o faça acreditando e com o coração.


Há quem diga que acreditar nisso tudo é ilusão, mas Ilusões sinceras do fundo da alma só nos fazem bem.










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