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Mexerica, ócio e a falta que nos faz o cheiro de sumo nos dedos.


Na última semana a imagem de gomos de mexerica postos à venda em uma bandeja de isopor chamou muita atenção no facebook. Pessoas estavam indignadas com uma geração que a cada momento se mostra mais preguiçosa e dependente. Indignações à parte, a realidade é que a cada momento o individuo está mais preguiçoso, busca-se mais o ócio, e isso não começou agora. Trata-se de um processo natural iniciado na revolução industrial.

A todo momento nos deparamos com produtos que facilitam nossa vida, há décadas as novidades como o avião, telefone, banho quente, carro, enfim, vêm ganhando espaço e revolucionando nosso modo de agir e pensar. Mas porque houve essa tendência de tornar a vida mais fácil? A revolução científica iniciou-se como um ato contra a ignorância religiosa, mas a burguesia se apropriou dessas ações e transformou isso em armas que facilitassem a produção, em consequência facilitaram também a nossa vida.

Os Gregos defendiam um ócio diferente, e muito mais interessante no meu ponto de vista, o não trabalhar estava associado a dedicar-se à cidade, à filosofia e às artes. Dessa maneira, defendiam a escravidão como o caminho para o ócio. Atualmente, não temos escravidão - salvo alguns terríveis casos -, a nossa engenharia ocupa esse papel, basta percebermos quantos eletrodomésticos, aplicativos e utilitários cercam nossas vidas, quantas coisas fazemos sozinhos e o quanto dependemos dos sistemas.

Se temos mais tempo com as facilidades para a vida, porque ainda não temos tempo? Atire a primeira pedra quem dispõe de uma vida tranquila! Sempre estamos envolvidos com algo e, na esmagadora maioria das vezes, é com o trabalho, pois somos cobrados a todo instante e muitas vezes a sobrevivência de nossos empregos está naqueles que se prestam a fazer tais situações limites.

Compare sua vida com a dos seus pais e dos seus avós: certamente você está trabalhando muito mais. Não fico abismado com mexericas, banana ou qualquer outra fruta vendida a granel em bandejinhas enroladas em plástico filme; Preocupa-me que esse tempo poupado não está sendo utilizado para uma contemplação maior do homem como uma leitura de um bom livro, para a escrita de uma poesia ou para assistir a uma peça de teatro. Se não for para isso, prefiro o cheirinho de sumo nos dedos.

Revisão textual de Fernanda Cassim

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