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Alguns ganham, mas todos perdem com a polêmica do espetáculo do FILO na Capela da UEL.




Há algum tempo não trago textos para esse blog, uma série de atividades em relação as minhas aulas, vida profissional e doutorado andam me consumindo. Mas não poderia de deixar de escrever sobre o cataclisma eleitoreiro que tomou a cidade de Londrina. Um referido candidato a vereador, não citarei nome para não lhe dar minutos de fama neste blog, fez uma convocação as pessoas de "bem" sobre o "cúmulo" de uma apresentação ter na figura de Jesus uma transexual, e de o evento ser representado num lugar sagrado como a capela da UEL. Sobre esse circo armado com cunho eleitoreiro populista faço algumas considerações:

A capela da UEL, como colocou o Arquiteto e professor Universitário Rafael Rodrigues que inclusive é autor da charge associado a esse post, trata-se de uma construção do campus, uma "maquete" na proporção 1/3 que valoriza fisicamente uma memória da cidade de Londrina. Há tempos a Universidade proíbe manifestações religiosas dentro do espaço levando em conta o plausível argumento que a Universidade é laica como organização, logo o espaço da capela não é templo sagrado para uma ou qualquer religião, trata-se de um espaço simbólico, de memória que recebe eventos como mostra de curtas, exposições e espetáculos teatrais. Deixo aqui minha opinião contrária a reitora da UEL que alterou o espaço de apresentação após a polêmica.

O referido candidato a vereador já assessor parlamentar na câmara de vereadores apareceu com uma petição on-line contra a questão de gênero nas escolas, com argumentos rasos já demonstrava que suas intenções eram eleitoreiras. Depois decidiu atacar movimentos sociais organizados como a Marcha das Vadias (contra o machismo e a cultura de estupro); atacou o movimento Assalto Literário que distribui diversos exemplares de livros e autores locais nas escolas públicas de Londrina, e segundo o referido candidato houve distribuição de livros com cunho sexual para todos os alunos (que é mentira), Atacou pessoalmente a vereadora Elza Correia que promoveu debates sobre a necessidade ou não da questão de gênero na escola; sem contar que vem querendo se associar a organizações religiosas e tem apoio do Deputado Federal Jair Bolsonaro que dispensa comentários e críticas.

O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu é um espetáculo que destaca a figura de Jesus Cristo na atualidade vivido por uma mulher transgênero na atualidade, a sinopse do espetáculo coloca as reflexões sobre a opressão e a intolerância sofrida por pessoas trans. Essa peça estreou na Escócia em 2009 e recebeu diversos prêmios como Scottish Arts Club e LGBT Award, em 2014 o grupo que apresenta teve acesso ao texto, traduziram e montaram a versão brasileira. Certamente é um espetáculo polêmico para nossa sociedade, para realidade conservadora e reacionária que vem ganhando espaço e adeptos, e não falo somente pensando ao País, ao Paraná ou Londrina, já que esse texto sofreu ameaças de censura em 2009 na Escócia.


Charge de Rafael Rodrigues

Charge de Rafael Rodrigues


Quem ganha? oportunistas como o candidato a vereador sedento por votos, que através de desinformação e manipulação fez um alarde gigantesco jogando com a boa intenção e fé das pessoas; ganha o espetáculo, que teve seus ingressos esgotados e ampla divulgação do trabalho do grupo (pois na mídia vale o: Falem bem ou falem mal mas falem de mim ); ganha também O FILO, que permanecerá no imaginário de seus expectadores como um festival valente que não tem medo da polêmica e investe em espetáculos de cunho reflexivo e autênticos como já sua marca pelos anos. Quem perde? Perdem os transsexuais que tem sua imagem associado a promiscuidade, a atos profanos e não podem nem sequer serem associados a figura mundial da bondade do líder do cristianismo; perdem os religiosos que acabam caindo no canto da sereia da moralidade e acabam apoiando projetos extremistas como já ocorreu no passado; perdem os artistas que serão perpetuados como loucos-profanos-vagabundos e pior de tudo, perdemos todos nós que continuaremos a eternizar a intolerância e o ódio com os distintos gêneros presentes na nossa sociedade.









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