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Independência ou norte?



Quem não quer sua independência? Será é possível pensar num conceito como esse em tempos como que vivemos? O quanto independente somos ou simplesmente imaginamos? Creio que todos concordam que vivemos tempos difíceis, o relativismo, o revisionismo, a negação da ciência, o ataque há conquistas históricas da humanidade são alguns traços dessa sociedade insana que vive num mundo paralelo em que há um inimigo vermelho e tem mitos como heróis que se destacam em humilhar os outros. O debate está fora de moda, o respeito se tornou numa coisa cafona.


Tempos difíceis! Mas que tempos não o são? é difícil viver em qualquer época que seja, já que tendemos a acreditar que presenciamos a pior situação da humanidade, esse é o plano de fundo das retóricas governamentais, dos inimigos políticos e dos embates ideologicos. Lembro-me de Lévi-Strauss, que escreveu aos conservadores a idade de ouro desapareceu e nos resta a nostalgia, já para os progressistas a idade de ouro está num futuro alcançável, e devemos sem titubear fazer sacrifícios com o presente. Como nos ocidentais somos tolos, o mestre milenar chinês Confucio que usando a lógica da humanidade, pautou sua filosofia/religião e nos mostra que a idade de ouro é o tempo de duração de nossa vida na qual devemos sempre buscar equilíbrio e harmonia nas nossas vidas.


Procuramos contantemente nossa independência, o mundo moderno não acabou com a servidão, nem muito menos com a escravidão. Quando somos crianças queremos a adolescência para conhecer o amor e os prazeres, quando chegamos a fase adulta queremos sair da aba de nossos país que são terríveis e autoritários, nessa vivência descobrimos que nesse mundo capitalista, amados por uns, odiados por outros e realidade de todos a chave ara qualquer ação é o dinheiro. Nos enganamos e acreditamos que muito trabalho nos garantirá as chaves de todas as felicidades. E nessas horas lembro de umas das coisas que meu pai dizia com certa frenquência - A viagem é muito melhor que o destino - E uma das coisas que mais vejo é gente perdendo o bonde da vida.


Desacreditamos da vida, tantas independências são mais importantes que um norte a percorrer. Certa vez um navegador do século XVI teria sido questionado sobre sua rota, principalmente sobre sua audácia, para responder ao Grumete: Quem faz o norte somos nós, a agulha é só um indicação. Devemos ter um eixo norteador, nem que seja para refutar e questionar. Para vivermos em tempos como esses, ou como tantos outros, precisaríamos ter a perspectiva que nossa vida é orientada pelo desastre e pela tragédia.


Toda a dramaturgia, desde os gregos, se organizam geralmente em um protagonista e um ou mais antagonistas. Menos em Hamlet de Shakespeare e em O Misantropo de Molière, onde o antagonista do herói é o próprio mundo e a humanidade. Essa ideia de “tempos difíceis” possuí referências em muitas histórias de lugares e épocas distintas, Hamlet aponta que nosso tempo está fora de eixo, Alceste não entende como a humanidade pode ser tão podre, Falstaff reclama dos tempos difíceis em que vive, e até a maior história de amor de todos os tempo de Romeu e Julieta só foi possível pelas atrocidades das pessoas que não deixavam o amor florescer.


O Poeta Vinícius de morais já alertava no memorável Samba da benção, - A vida é pra valer, e não se engane não, tem uma só - E num dia tão simbólico como esse, fica evidente que toda e qualquer independência é passageira, insólita e se revela como uma fraude. Também não digo para aceitar as situações e seu status quo, questione, rebelasse contra você mesmo e seu conforto, busque seus anseios e vontades, valorize sua viagem, busque harmonia e equilibrio e faça seu caminho. Independente se ele é para Norte, Sul, Leste ou Oeste... Só tenha claramente aonde você não quer chegar.



















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